Consumo de eletricidade e PIB: uma análise em dados em painel para o Brasil no período de 2002 a 2015

Resumo

Estudos que abordam o consumo de energia como um fator preponderante para explicar os processos de desenvolvimento e crescimento socioeconômico vêm ganhando espaço na literatura ao longo dos últimos anos. A eletricidade, por exemplo, é muitas vezes referida como um importante insumo de infraestrutura econômica dado seu impacto direto sobre a produção dos meios de subsistência. O Brasil, devido às suas proporções continentais, apresenta um cenário de grande heterogeneidade socioeconômica entre suas regiões geográficas, característica essa que pode se refletir em variações significativas na relação entre o consumo de energia elétrica e o crescimento econômico de uma localidade para outra. Desse modo, partindo de uma estrutura de produção agregada neoclássica de um setor, esse estudo buscou analisar a relação entre as diferentes classes de consumo de energia elétrica (residencial, comercial, industrial e outros) e o Produto Interno Bruto (PIB) real per capita a partir de dados referentes às cinco regiões geográficas (Norte, Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Sudeste) que compõe o território brasileiro por meio de uma abordagem de dados em painel. Os resultados mostraram que das quatro classes que compõe o consumo total de energia elétrica, apenas duas foram estatisticamente significativas em relação ao PIB per capita, sendo estas as classes comercial e residencial. A primeira apresentou uma relação positiva com PIB per capita que pode ser atribuída ao fato de que um aumento no consumo de energia do setor elétrico seja reflexo de um aumento da oferta de bens e serviços, já a segunda apresentou uma relação negativa, que pode ser interpretada pelo fato de que ao elevarem seu consumo de energia, as famílias estariam destinando uma parcela menor de sua renda para o consumo de bens e serviços produzidos por outros setores, ocasionando um impacto negativo no crescimento econômico.